UNIÃO IBÉRICA (5)
(*) Mendonça Júnior
A controvérsia sobre Espanha e o Futuro começa fortemente a surgir entre políticos e comentadores dos nossos vizinhos…
1. A primeira parte de uma longa recente entrevista ao “Expresso”, EXP, dada por José Maria Aznar, JMA, e publicada na Internet, teve para a UI; um grande interesse, por razões óbvias do tema que tem vindo a publicitar: uma «… União Ibérica constituída por estados federados das suas regiões – portuguesas e espanholas – do continente e ilhas».
Aznar começa por discordar do actual Governo de Espanha, o de José Luís Zapatero – que conseguiu o apoio necessário para fazer aprovar o novo Estatuto da Catalunha – afirma que se trata de «um processo de desintegração de Espanha…na melhor das hipóteses, passaremos a ter menos Espanha, e na pior corremos um sério risco de desintegração do país, pela primeira vez em muito tempo».
O ex-Presidente do Governo espanhol: «insiste em que existe o risco de balcanização de Espanha… e que ninguém sabe as consequências que produz o risco de atrofiamento de um país. Mas nunca podem ser boas. Serão consequências profundamente negativas. Parte do dano já está feito e será muito difícil de recuperar, outra parte parece talvez evitar-se, mas, sinceramente, não me parece que haja vontade de o evitar. Mas, definitivamente, esse risco existe».
Quanto aos instrumentos necessários às descentralizações das regiões autónomas espanholas, Aznar afirma que a «Espanha levou esse processo até às últimas consequências, e é, provavelmente, o país mais descentralizador do Mundo».
EXP-«Mas esse não é o caminho de um Estado federal?
JMA-«O Estado federal é exactamente aquilo que os independentistas e os separatistas não querem. É claro que o não querem, porque o Estado federal significa, em larga medida, o que significa também o Estado actual: uma nação de cidadãos livres, iguais entre si e solidários. Julgo que o que se perspectiva é uma não-nação e, além disso, uma espécie de confederação com territórios que têm privilégios e direitos que outros territórios não possuem. E confundir o direito à diferença, constitucionalmente reconhecido e garantido, com a diferença de direitos é um erro político de dimensões históricas».
EXP-«E, perante a voracidade dos nacionalismos, não se está a formar uma espécie de nacionalismo espanhol com as mesmas características?»
JMA-«Não. Eu penso que é isso que marca o elemento diferenciador: que os nacionalistas pratiquem o nacionalismo, eu, que não sou nacionalista e que não gosto de nacionalismos, até posso compreender; que os independentistas pratiquem o independentismo, também posso entendê-lo, embora não perfilhe as suas ideias (UI – contradição??? parece óbvio, será???); mas que o governo do meu país seja cúmplice dessas políticas, isso é totalmente incompreensível, e é o factor que, neste momento, distorce completamente a política espanhola».
UI – Parece óbvio que a principal “razão de ser” de José Maria Aznar, líder derrotado nas últimas eleições legislativas espanholas, não fugiu à regra da OPOSIÇÂO: ao criticar, por sistema, o actual governo espanhol por recear as “independências” que dividem “fragelizando”, (UI – o que é consensualmente verdadeiro: “dividir para conquistar”); mas sem opinar por uma federação, “in medio virtus est”; mantendo, pela razão, a “união faz a força” de uma Espanha e o Futuro.
2. A segunda parte da entrevista pontuou-se sobre assuntos político-sócio-económicos em que o entrevistado enaltece os valores da sua governação – internacionalmente reconhecidos no patamar cimeiro da União Europeia – através de uma exemplar entrevista no semanário “Expresso”.
NOTA: Os “negritos” são da responsabilidade do autor.
(*) Coronel de Cavalaria.
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