UNIÃO IBÉRICA (IV)
(*) MENDONÇA JÚNIOR
Como é sabido tenho vindo a publicitar na Internet, a tese IBERISTA, com o fim de suscitar o debate, entre portugueses e espanhóis, para uma profunda e séria reflexão. Os resultados são deveras elucidativos e agrupam-se em três opiniões bem definidas.
Os que negam a tese – refugiando-se no tradicional “papão espanhol”, «De Espanha nem bom vento nem bom casamento» – chamando-me nomes feios e até de antipatriota. Daqueles, uma grande parte, “não dão a cara”: preferem o anonimato.
Os que admitem a tese, numa forma íntima de parceria mas sem entrar em detalhes, em termos políticos, ou por ser “ainda prematura a sua reflexão”.
Os que aceitam a tese, revelando o seu entusiasmo, verbalmente ou por escrito.
O ano passado, mais ou menos por esta altura, recebi, pelo correio postal, da Fundação Catalunha-
-Portugal o seu Boletim Semanal do seu primeiro número, 1/09/2004, «…que pretende, como é lógico, dar uma maior visibilidade e projecção públicas às actividades e projectos desenvolvidos ao longo do ano». Com a revista, em separata, vieram intervenções do tema tratado no seu IIº Fórum da Comunicação, 9-11 de Julho de 2004, onde se debateram «As relações inter-peninsulares no quadro da União Europeia».
O que me mereceu especial atenção foi, o debate da tese federativa da União Ibérica, nos aspectos de controvérsia que já está despertando.
Refiro-me, às intervenções de três portugueses que estavam presentes.
Jaime Nogueira Pinto referiu-se à publicação de um seu artigo: “O regresso dos reis” exprime o sentir da grande maioria dos portugueses que se recusam a aceitar que a única solução que nos pode restar é a integração no país vizinho». O que não é, com se sabe, o defendido pela tese.
Mário Bettencourt Resendes na sua síntese conclusiva acrescentou: «Diria que, provavelmente, ainda não lá chegamos, mas muito do que ouvimos, ao longo do dia, indica-nos que podemos estar mais perto, e que é possível chegar a essa meta».
Carlos Monjardino – e Artur Suqué são co-presidentes da Fundação – observou: « Para contrapor esse sentimento não basta evocar o passado. É necessário oferecermos uma alternativa, um projecto de futuro, dar-lhe sentido e razão. Caso contrário, será difícil deter este nacional-pessimismo suicida». E completou dizendo: «Convém sermos realistas e corajosos e assumir que chegou a hora de analisar, com serenidade, pragmatismo e sobretudo visão do futuro, a espinhosa questão de sabermos se existe e é possível encontrar uma forma de convivência que não só ponha fim às querelas seculares entre povos, Nações, regiões e Estados Ibéricos mas que, acima de tudo, transforme em sinergia capaz de dar sentido às particularidades de cada um.»
COMENTÁRIO: As opiniões citadas revelam as suas bem vincadas carismáticas personalidades: Nogueira Pinto, gestor de empresas e colunista; Bettencourt Resendes, administrador de um diário nacional; Monjardino, empresário internacional e independente.
Ramalho Eanes, numa carta, a mim dirigida, em 14/03/2003, opinou: «Discutir, seriamente, a hipótese Iberista seria, sempre, salutar para o país».
(*) Coronel de Cavalaria
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