UNIÃO IBÉRICA
Esta tese diz respeito às regiões autónomas de Portugal e de Espanha sem bulir com o cariz independente multissecular tradicional das nações de cada Estado. Trata-se, de uma «união faz a força», pela constituição de um grande novo país que poderá chamar-se Federação Ibérica.
A razão de ser desta tese foi inicialmente publicitada em 02/04/02 e continuada sempre em exclusivo aqui no “O Dia”. Foi fruto da vertiginosa quebra da auto-estima de ser português sobre a triste realidade do nosso querido país. Hoje, faço uma síntese de algumas opiniões publicitadas nas primeiras semanas deste ano. O que continua a motivar as minhas crónicas.
Publicadas no “Expresso” 24Jan2004 e sintetizadas no “Público” no dia seguinte:
– «Portugal é hoje um país atordoado, perplexo, hesitante sobre o rumo a seguir. Ser português é muito perigoso», José António Saraiva.
– «Devíamos dividir Portugal em duas ou três regiões e fazer um povo novo, juntando-nos rapidamente a Espanha», José Manuel de Mello.
– « Se Portugal não estivesse na União Europeia, estavam criadas todas as condições para um golpe de Estado», Manuel Monteiro.
Publicada no “Diário de Notícias” 30Jan2004 e transcrita da “Visão”:
– «A desorientação das nossas elites permitem – quem tal imaginaria? – que algumas pessoas comecem a pensar em Espanha como a solução dos nossos problemas», Mário Soares.
Publicada no “Correio da Manhã” 01Fev2004:
– «Portugal caminha alegremente por um enorme precipício num jeito cambaleante, desajeitado e semi-inconsciente muito próprio dos ébrios que meteram a boca na torneira do tonel e beberam até perderem o norte... a coisa está preta», Emídio Rangel.
Publicada no “Público”01Fev2004:
– «Cada vez é maior o número de concidadãos nossos que pensam que se nos unificarmos com os espanhois teremos um nível de vida muito melhor, para além de perspectiveis credíveis de futuro...de qualquer forma algo tem de ser feito, porque, como estamos, não vamos aguentar muitos anos, isso é pacífico e consensual», Augusto Kuttner Magalhães.
Perante este quadro, que se tem vindo a agravar, temo, que se complete uma descolonização considerada «exemplar» por Mário Soares, mas «a pior de todas» por Paulo Portas – por que já passei por essa situação que cicatrizes e condecorações não apagam – que envolva os Açores e a Madeira. Por isso, nasceu a ideia de se tentar evitar a repetição de um pesadelo que reduziu Portugal do Minho às Selvagens. O objectivo é bem claro, altamente patriótico, e com a intenção do nosso jardim à beira mar plantado continuar ligado aos seus territórios atlânticos e respectivas zonas marítimas que, como se sabe, são um dos grandes garantes da nossa incontestável importância internacional.
Em suma, trata-se de manter o que resta do nosso querido país – continente e autonomias – numa federação de estados como fizeram muitos outros países em temporárias idênticas situações de fragilidade. O que será um passo vital para a sobrevivência da nossa continuidade histórica.
Para a solução deste novo desafio, a união de Portugal – na situação em que se encontra e da qual não se prevê que sejamos capazes de alterar, sejamos realistas – com outro Estado, seria, sem dúvida, no plano meramente teórico, uma opção de debate nacional. Para a pôr em prática, não é preciso ir muito longe. Espanha tem idêntico problema com as suas autonomias. Onde a Galiza, Países Bascos, Canárias e a Catalunha estão muito adiantados nas suas revindicações de independência.
Assim, se os portugueses e os espanhois se juntarem numa parceria federativa, passaríamos a ser mais de cinquenta milhões, para maximizar uma maior felicidade de vivência interna comum e de acrescido poder na União Europeia onde, no mínimo, o peso demográfico é de grande valor.
«Prever longe e decidir curto», sempre foi um dos princípios basilares para se alcançar o patamar de uma estratégia vencedora. Este caso não foge à regra. As reacções entre o encontro de um passado conservador e as modernas liberais tendências da globalização dos novos Ventos da História, sempre foram objecto de um certo melindre que, mais uma vez, se confirma por uma mini sondagem, por mim efectuada.
De repúdio: Salta á vista, de imediato, uma fortíssima ausência de valentia provocada pelo terror do “o papão espanhol” e, em termos mais comedidos, de outras, que «nuestros hermanos estão economicamente a engolir-nos». Também as há, em tom de bravata arruaceira, numa vã tentativa de olvidar o tom das anteriores, «Aljubarrota». E ainda, de um pequeno grupo que se interroga sobre a validade de uma federação dentro de outra a constituir na Europa; ouvidando os exemplos que já existem da Austria, Alemanha e Bélgica. Nalguns casos tecem-se opiniões, de vertente insultuosa, contra mim e contra a tese; provêm geralmente de pessoas de avançada idade.
De independência: José de Almeida do «Forum Açores Livres», admite a independência da região autónoma dos Açores. O presidente da Xunta de Galicia, Manuel Fraga Iribarne: « Le agradezo mucho el envio de ambas publicaciones»; La Secretaria Particular del Lehendakari del Gobierno Vasco, acusa gentilmente a recepção da tese da União Ibérica.
De interesse académico: Foram assim classificadas, por defenderem uma salutar abertura com os nossos vizinhos espanhois, sugerindo o General Ramalho Eanes que a tese da UI mereceria um franco debate nacional.
De concordância: Têm vindo a aumentar sobre todas as outras. Com referências «de colaboração internacional, mais abrangente, que inclui a América Latina e a África Lusofona».
COMENTÁRIO: Acredito, com o devido respeito por todas as opiniões, que a UI tem pernas para andar... só não sei quando...
*Coronel de Cavalaria
Foi publicado no Jornal “O Dia” em 03/03/2004.
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