O PRESENTE E O FUTURO DE PORTUGAL
Ora, a Espanha é, como nós, uma nação moribunda…
Esta semelhança de situação e a previsão dos futuros destinos dos dois povos peninsulares devem fazer pensar os seus estadistas no erro e nas consequências de fantasia guerreira, ou de desatino conquistador.
Se a desgraça e os perigos aproximam os homens, também podem aproximar e reunir as nações…
Depois, o equilíbrio europeu existe, sendo cada vez maiores as ambições das grandes potências, que não consentiriam, em caso algum, a absorção do nosso território continental englobado por qualquer das nações vivas e, muito menos, a formação violenta no ocidente da Europa de forte nacionalidade, defendida pelo mar e pelos elevados Pirinéus.
Assim, eu penso que se esta organização houver de realizar-se um dia, os dois povos da península terão de desenvolver a melhor e mais decidida vontade contra as pressões adversas das grandes potências europeias.
A constituição da unidade nacional ibérica, seja qual for a fórmula política, não resultará da conquista, nem será imposta pelas armas, pelo contrário, as relações amigáveis dos povos peninsulares, as comuns desgraças e as exigências da própria defesa, poderão facilitar e apressar, direi até tornar necessária, esta importante transformação na carta política da Europa.
Os perigos que nos ameaçam nascem, pois, de outras origens.
A parte mais importante do nosso domínio colonial está apertada entre as colónias das nações poderosíssimas, ou é ambicionada pelas que pretendem alargar ou criar vastos empórios desta natureza.
É necessário não esquecer a frase de Bismarck:
«há países sem colónias e com colonos, a Alemanha; com colónias e sem colonos, a França; enfim com colónias e colonos, a Inglaterra»
Ora, para todas estas grandes nações, o direito internacional, professado nas altas chancelarias, tem por compêndio e norma a doutrina do precedente capítulo, expressa pelo estadista inglês.
Eis o primeiro perigo.
No domínio continental, se as naturais condições geográficas e a situação política da Europa nos dão fundadas esperanças de nos não vermos, um dia, simples feitoria, ou província anexada de nação estranha, os nossos erros e vícios, as nossas leviandades e imprevidências, poderão criar uma situação interna em que a influência dos estrangeiros absorva ou domine as funções soberanas da nação, reduzindo-a à fórmula moderna de países de protectorado.
Eis o segundo perigo.
Ora, se a invasão armada é quase impossível, esta absorção pelo protectorado, exercendo-se lentamente em nome de interesses internacionais apresentados com habilidade, poderia não conciliar rivalidades, se fosse feita em comum pelas nações interessadas, ou se alguma delas recebesse fortes compensações no desmembramento das nossas colónias
Assim, os dois processos combinados logicamente nos levariam a ser a sombra de uma nacionalidade, exercendo fictícia soberania nos restos desvalorizados do nosso domínio colonial.
Esta acção de protectorado, directamente exercida pelas grandes potências, sem deixar de ferir a dignidade nacional, poderia, ainda assim, envolver algumas vantagens em nosso próprio benefício.
A Grécia deve, talvez, à influência dessas potências haver escapado ao pesadelo e tirânico jugo do decadente império otomano; a ocupação inglesa no Egipto tem produzido, sem dúvida, a ordem na administração e o desenvolvimento de riqueza naquele desordenado e miserável país.
(*) Trata-se de um estrato de um texto de Fuschini, gentilmente enviado por Ramalho Eanes, de acordo com o dinamismo que se continua a dar à UNIÃO IBÉRICA. Porto: Fronteira do Caos, 2005. pp. 71-73
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