SARAMAGO ANDA PERTO... MAS NÃO TANTO!
Em pleno dia das eleições, 15/07/07, José Saramago publicitou que devíamos assumir claramente a nossa vocação de província espanhola.
Afirmou textualmente:
« Portugal acabará por integrar-se em Espanha»
Na sondagem efectuada pelo SOL, 23/09/06, 28% dos portugueses pronunciaram-se a favor da integração.
Na inquirição televisiva do SIC NOTÍCIAS, 19/07/07, 45% dos portugueses pronunciaram-se a favor da integração.
O nosso ministro dos Negócios Estrangeiros, ouvido de imediato pela mesma via, não se mostrou, em nada, preocupado pela integração agora publicitada pelo galardoado Nobel da Paz. Opinou sobre o homem e desdramatizou a integração.
A discussão do tema pelos portugueses e espanhois não é de hoje.
O que a seu tempo originou por cá… “de Espanha nem bom vento nem bom casamento”.
Porém, actualmente em termos da globalização:
– económica, a integração é valorada tanto por cá como por lá.
– social, a integração, cresce mais por cá do que por lá.
– política, a integração mantém-se como no passado, tanto por cá como por lá.
Do lado de cá está a ressurgir uma guerrilha entre:
– os iberistas, são os que defendem a integração de Portugal em Espanha;
– os não iberistas, os que não defendem a integração de Portugal em Espanha.
Na Internet através de « http://uniaoiberica.blogspot.com/ » culminou-se um estudo epigrafado UNIÃO IBÉRICA, sobre a história dos dois países – estudo que se arrastou por mais de duas décadas – sobre as intervenções comuns das vivências dos dois países desde a divisão do condado de Dom Henrique pelas suas duas filhas: Dona Teresa, o embrião do Portugal de hoje, e de Dona Urraca o mesmo de Espanha.
Concluiu-se:
«A MELHORIA DA VIVÊNCIA DOS PORTUGUESES E ESPANHOIS, EXCEPCIONAL PRESENÇA NA UNIÃO EUROPEIA E NO MUNDO RESIDIRÁ NUMA UNIÃO IBÉRICA CONSTITUIDA POR ESTADOS FEDERADOS DAS SUAS REGIÕES E ILHAS».
Entretanto Portugal passará a ser constituído – promessa do actual Governo – por regiões autónomas. Cremos que a somar à Madeira e aos Açores as regiões serão mais quatro: Norte, Centro, Estremadura e Algarve.
“Saramago andou perto… mas não tanto!” quando pensou erradamente que “Em Portugal… todos queremos …mas não sabemos o que fazer com os portugueses”.
1 Comments:
Para melhor compreender o fenómeno:
UM APELO DIRECTO A JOSÉ SARAMAGO (NO FIM, VERSÃO EM CASTELHANO...PARA QUE, SE NECESSÁRIO, SE FAÇA ENTENDER A ALGUNS ESPANHÓIS QUE NEM TODA A ESQUERDA É "SARAMAGUISTA"...) !)
Há lógicas que não consigo entender.
Conheço um escritor de grande valor que se bate por várias causas, a nível mundial. Não só luta contra os "males" do Mundo, numa época em que o Capitalismo Selvagem dita a sua lei sobre governos, povo, e nações, como luta para que todos os povos tenham o direito de e governar como entenderem. Esteve até na Palestina, apelando à Independência desta em relação a Israel. Apoiou a independência de Timor. Apoia a idéia dum Curdistão independente.
Este homem apela a que deixem os povos decidir. Combate as elites iluminadas que manipulam a vontade desses mesmos povos. Nega-se a aceitar que haja povos mais ou menos inteligentes.
Este homem viu, desde 1989/1990, inúmeros povos reclamarem a sua independência e a sua constituição em Estados soberanos. Ainda recentemente, vimos o pequeno Montenegro proclamar a Independência.
O homem em questão cita o exemplo de países como a Eslovénia como capazes de ultrapassar Portugal, e sabe que a mesma se separou duma União maior chamada Jugoslávia.
Talvez tenha até ouvido o Primeiro-Ministro dinamarquês comparar Portugal e a Dinamarca, e dizer que ambos são pequenos países com pouca população (e, nestes aspectos, Portugal é superior), com um vizinho poderoso, mas que fazem o possível por sobreviver, e que, se a Dinamarca foi capaz de se tornar um dos países mais ricos do mundo, Portugal também o poderá fazer.
O nosso homem sabe que não se vislumbra, por essa Europa fora, nenhum movimento de retrocesso em relação a independências adquiridas há menos tempo que Portugal. Ninguém tem conhecimento de que a Holanda se queira reintegrar na Alemanha, ou a Bélgica, ou parte dela, na França.
Sabe, e di-lo, que um dos problemas das elites em Portugal, ao longo dos séculos, é o seu desprezo pelo povo que as sustenta e a tentação da riqueza fácil "adquirida", se necessário, vendendo-se ao estrangeiro. Sabe que o próprio povo tem varrido essas elites.
Este homem é de Esquerda, Republicano, Laico, Anti-imperialista.
Este homem chama-se José Saramago, e recebeu um Prémio Nobel pelo que escreveu em Língua Portuguesa, enchendo de alegria muitos compatriotas.
Mas este homem não aplica ao seu País o que defende para o resto do Mundo. Acha que o povo de que é fiho é menos inteligente que os demais. Acha que não tem o Direito à Independência. Como as elites que critica, acha os portugueses incapazes de se governarem sozinhos, e acena ao estrangeiro... mesmo quando este é governado por uma Monarquia... que nasceu depois de uma guerra brutal que esmagou os seus companheiros ideológicos (ressalve-se que os actuais monarcas não tiveram a culpa !). Pior, acha que "sem se encostar" a um "padrinho" poderoso, não pode subsistir, porque não tem sido capaz de se governar sozinho. E acha isto depois de 850 anos de independência... com os seus altos e baixos, naturalmente.... mas em que resistiu a tudo e todos.
Saramago, Saramago, meu caro Nobel: aplica ao teu povo o que desejas para os outros. Não cries, em quem adora tua Literatura, problemas de consciência.
Por uma vez, copia um pouco a altivez da Espanha que admiras, e aplica-a ao teu País. Contribui para a saída da crise, apelando ao amor-próprio de todos nós, em vez de agravares os nossos sintomas depressivos. Lembra-te do teu livro "Levantados do Chão".
Carlos Eduardo da Cruz Luna
(um leitor/apreciador da obra de Saramago)
Estremoz, 16 de Julho de 2007
Cumprimentos
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